Estamos vendo nos
últimos anos, um crescimento enorme do pensamento conservador e reacionário na
sociedade contemporânea. Essa interpretação do mundo, torna-se perigosa quando
o discurso torna-se fascista. Não é uma concepção abstrata apenas. Esse
pensamento autoritário passa a disputar e se estabelecer de maneira concreta em
instituições, partidos políticos, templos religiosos e movimentos da sociedade
civil organizada.
O fascismo se caracteriza
quando uma opinião diferente passa a não ser respeitada, os direitos humanos
passam a ser negligenciados, fatos históricos passam a ser manipulados, ideias
fundamentalistas passam a se tornar leis; a partir dai se constrói a narrativa de
que violência se resolve com mais violência e os grandes problemas sociais passam
a ser pautas cada vez mais secundarias. Nesse (possível) cenário que parece ser
inerente ao pensamento reacionário, é onde mora o grande perigo.
A grande mídia
tradicional, monopolizada e subserviente aos interesses do establish, sempre
cumpriu a sua função servindo ao patronato. Veículos de televisão, rádios,
jornais e revistas (salve algumas exceções) foram fieis aos seus financiadores
na fundamentação de apenas uma determinada visão dos acontecimentos.
Quando a internet
surgiu e popularizou-se trouxe a ideia de um fluxo maior de informação, de produção,
divulgação ampla e democrática de conteúdos. Contudo o que vimos com o tempo
foi uma apropriação, as vezes até mais incisiva, da narrativa burguesa antirevolucionária
sendo moldada nos portais de internet.
Se isso é um processo
que brota da lógica natural e involuntária dos ciclos da humanidade, ou se é o
direcionamento intencional dos interesses do capital, não vem ao caso
necessariamente. Cabe-nos, como classe trabalhadora, entender como se comportar
diante desse momento.
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Foto: Mídia NINJA |
Portanto é fundamental
que, desde já, nós estudantes e trabalhadores, ocupemos os meios de comunicação
mais próximos, as redes sociais e os espaços públicos para lançar leituras,
mais fieis, daquilo que está acontecendo a nossa volta.
É fundamental que
falemos, em um tom alto e firme, que cerca de 50 mil mulheres, em sua grande
maioria pobres, morrem vitimas de aborto clandestino e que a descriminalização
é uma possibilidade de reduzir significativamente esses danos. Temos que falar,
absolutamente, que o trafico de drogas é uma guerra declarada nas periferias,
onde se é gasto recursos numa lógica ineficiente, que mata muitas pessoas e que
a descriminalização e regulamentação do consumo pode ser um caminho para
existir uma relação melhor do Estado com esse problema. Por fim, é fundamental
que apresentemos a narrativa de que privatizar estatais, congelar investimento
público e cortar direitos é a lógica de uma burguesia que saqueou o poder e que
explora, cada vez mais sem escrúpulos, a classe trabalhadora deste país.
O enfrentamento nunca
foi tão necessário.